Estrada larga e enorme, e eu tão pequena me encontro nela sem saber por onde caminhar, há quem diga sempre “vai pela sombra” mas cortaram as árvores e roubaram-lhe as raízes e a sombra, só vejo terra seca, um sol triste que se esconde. E eu apenas com um vestido branco cedida ao movimento do vento. Peço ajuda, mas só o eco me acode, só ele rediz o que eu digo. De que me serve voltar a ouvir-me sem que me retribua de forma diferente.
Abri as mãos a espera de uma gota de chuva, mas caiu-me uma pena na mão, era Tão linda, cheia de cor e de vida, e mal eu sabia que essa bela ave estava morta a uns quilómetros a frente, mas eu olhava para ela de forma incrédula como se fosse a primeira vez que tinha aberto os olhos para ver o mundo.
Tinha tantas cores, tinha o vermelho a cor da paixão que no meu coração encontrava-se negra, o verde a cor da esperança que dentro de mim amarelou porque já não tinha forças, o branco a cor da paz que em mim se tornou cinzento, eu sei que tinha imensas cores mas hoje não me lembro, só elas me marcaram pela intensidade e pelo padrão. Guardei-a e continuei a caminhar e a gritar, tendo sempre o eco a responder-me, não via nada, so via vias alternativas que a mim não me diziam nada, continuei andar e de repente oiço um ruído enorme pensando que tinha companhia apercebi que era apenas o meu estômago que implorava por um pedaço de pão, e uma gota de água, tudo aquilo que não tinha e não sabia onde encontrar. Sugada pela solidão porque fui eu que desejei, por isso perdida me encontro, porque continuo a acreditar que é a solidão que me faz e cria, me fortalece e enaltece para algo que não espero mas que sei que vai acontecer.
Sentia-me tão cansada e sem forças, mas continuava a caminhar porque so queria sair dali, o silêncio matava-me minuto após minuto, a sede sucumbiu-me de desejos incontroláveis e insaciáveis. A cada passo que dava, sentia o meu corpo a desfalecer, eu quase que pensei que seria a minha morte, mas não, sobrevivi, lutei até a última, e percebi que são os risos que me dão vida, os abraços de amigos e família que me fortalece e é o amor que dá vida, me fortalece e que me faz crescer, o silêncio é bom, mas a solidão pode matar, se não souberes dominá-la … foi isso que aprendi, na pequena viagem que fiz pelo meu pensamento que me deixou ao relento sem entender se era um sonho ou realidade. Sentia-me profundamente confusa, não é que esteja mais clarificada, mas só o tempo me ajudara a desvendar o que me atormenta e me deixa confusa. Mas o que é certo é que tudo foi um sonho, um sonho estranho, mas não deixa de ser um sonho…