A noite estava fria
E eu
sombria,
Por estar sozinha
Naquele dia.
A noite nada
prometia,
Porque um manto
cobria o meu tecto
Tecto improvisado
Para não derramar
gotas de gelo
Perdi-me pelos
confins de mim,
Está tudo igual,
Fujo, mas volto
sempre ao mesmo local
O que terei feito
de mal??
Tremia-me todo
esqueleto
O meu coração
estava lento
Como quem quer
parar,
Parar de bombear,
parar de funcionar.
Não podia
adormecer,
Mas adormeci.
Quando acordei,
estava lá o rei
Com que um dia
sonhei.
Pôs me em tronco
nu,
E juntou-me ao seu
corpo
Para me dar calor,
Para ganhar cor.
Podia ter gritado,
Fugido,
Mas não, fiquei
ali
E novamente dormi.
Acordei já o sol
clareava,
Já ele se
movimentava
E o vazio, e o
frio
Já tinham partido.
Já não queria
partir,
Porque sabia que
não o veria mais,
Porque quando se
sonha,
Sonha-se só uma
vez .
Colectânea de poemas, "Quentinhos sem lareira", 25 de Março de 2012
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